No Ceará Não Tem Disso Não?
Ah! Veio Luiz, Infelizmente têm coisa pió.
[...] Tenho visto tanta coisa
Nesse mundo de meu Deus
Coisas que prum cearense
Não existe explicação
Qualquer pinguinho de chuva
Fazer uma inundação [...]
( No Ceará Não Tem Disso Não Luíz Gonzaga )
[...] O art. 1º do AI-5 Ambiental “dispensa (como se pudesse) de licenciamento ambiental” uma série de atividades, dentre os quais, aterros sanitários, desmatamentos e – vejam – pesca e aquicultura (como a criação de camarões em cativeiros), extremamente impactantes ao meio ambiente.
Segundo, porque, de um só golpe (e a palavra é essa!), esvazia a Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) que, recentemente, contratou fiscais por concurso, e o Conselho Estadual do Meio Ambiente (Coema), órgão colegiado com participação da sociedade civil, ao determinar para as atividades para as quais não está dispensada (com se pudesse, repito) o licenciamento, este será de competência do presidente do Conpam, desde que a obra seja considerada, por decreto (vejam só!), estratégica para o Estado.
Nada de avaliação técnica pela Semace, de debates no Coema! Todas as decisões nas mãos do governador e do seu secretário! Isso quando as mudanças climáticas cobram da humanidade pesada conta pelo desenvolvimento a qualquer custo do sistema do capital! Espera-se que o Poder Legislativo não seja cúmplice desse “crime”.
(João Alfredo Telles Melo - Advogado, prof. de Direito Ambiental e vereador em Fortaleza).
Acreditamos que uma das grandes mazelas que entravam as melhorias nas esferas ambientais em nosso estado refere-se ao descaso do poder público no que tange o cumprimento das leis tanto as de cunho municipal como federal, atualmente vemos vários fatores contribuírem maciçamente para o alargamento do caos ambiental no Ceará desde a ocupação de areias impróprias para vida humana, a especulação imobiliária nas áreas serranas e litorâneas, a instalação de industriais sem previa analise das entidades ambientais. Lutarmos contra o capitalismo e a ignorância ambiental já é um grande desafio, mas como lutarmos contra o Estado na pessoa de seus administradores incompetentes e inconseqüentes que estão tornam os bens públicos como patrimônios particulares, onde seus interesses estão acima do bem estar do povo e da vida da natureza. A solução para erradicar este mal é a educação, o respeito as leis, um governo das pessoas e para as pessoas uma política sustentável, a prova do descaso em nosso estado fundamenta-se nas citações supracitadas, onde o maior expoente do legislativo estadual busca através de medidas maquiavélicas e despóticas anular a legalidade e legitimidade das leis e da ordem pública em prol de interesses particulares afim de atender seus objetivos politicalhos e de sua camarilha. Este alto preço está sendo pago pelas comunidades carentes das áreas marginalizadoras do estado, pela classe leiga que caminha para morte pensando em vencer na vida.
Ressaltaremos a união e os trabalhos das instituições não governamentais deste país, o cidadão atuante que busca desenvolver a conscientização da massa para uma nova postura, uma tomada de ação conjunta fazendo-se ouvir e valer as leis. Sem duvida há muitas leis, mas há um abismo entre as mesmas e sua efetivação tanto dos governos como dos indivíduos é uma mágica corrupção passiva X ativa. São a falta da moral onde triunfa a desonra, as inutilidades.
Os avanços da biodiversidade tanto a nível local e nacional seriam bem mais desenvolvidos se o ser humano não atrapalhasse o trâmite da natureza com suas ações antrópicas. Se pretendemos avançar na preservação ambiental temos que da um dimensão global desde alteração social e econômica, respeitosamente acredito que desenvolver medidas paliativas em micro regiões não alcançarão adjetivos reais, a medida que sugerimos corredores ambientais e determinamos áreas ou épocas de atuação estamos menosprezando nosso potencial e abrindo novos caminhos para o avanço em perdas da biodiversidade, enquanto cobrimos timidamente uma causa outras imperceptíveis estão sendo dizimadas. Um exemplo claro disso aconteceu na Região amazônica, todos olhavam para o desmatamento lá, agora estão com olhares para a caatinga e o serrado, mas o grande problema deste feito bola de neve já dá no pantanal sinais periclitantes de desgastes. É preciso desenvolver ações conjuntas e permanentes.
Não podemos cair no discurso imperialista do pessimismo, ou não sua constante tentativa de dominação econômica.
Acredito e valorizo o potencial de projetos, mas a casos em que os projetos surgem para nutrir uma carência jurídica, quando chega a pratica as esferas maiores delegam suas responsabilidades aos menos, temos é que lutarmos não emendas e sim pela efetivação da legislação vigente.
[...] Eu me criei,
matando a fome de Tareco e Mariola, cantando os versos
dedilhados na viola,
por entre os becos do meu velho vassoral [...]
( Fala mansa - Eu Não Preciso de Você )
Tendo como finalidade promover uma modalidade educativa que transpasse barreiras, que criar-mos este blog. Seja bem-vindo!!!
segunda-feira, 30 de maio de 2011
O CRESCIMENTO TECNOLÓGICO DO CEARÁ
[...] Primeiramente, as turbinas que convergem a energia cinética do vento em elétrica precisam de velocidade ideal e constante para funcionar. Na Inglaterra, nas melhores áreas, o vento se mantém em velocidade adequada só em 25% do tempo. Para suprir corrente elétrica contínua nos outros 75%, precisa de fonte suplementar de energia (em regra, combustível fóssil). Assim, a eólica gera cerca de 40% das emissões carbônicas que o carvão geraria para produzir a mesma quantidade de energia.
[...] 250 mil hectares. A não ser que seja instalado em região realmente deserta, provocará o desmatamento de área significativa que potencialmente contribuiria para a captura de carbono atmosférico, comprometendo ainda mais para o aquecimento global.
A energia eólica tem um custo muito elevado – cerca do triplo da nuclear – e gera conflitos territoriais. No Ceará, a instalação de parques eólicos ao longo do litoral tem causado grande insatisfação entre pequenas comunidades de pescadores e marisqueiros, que muitas vezes são impedidos de circular nas redondezas do espaçosos empreendimentos.
A energia eólica não deixa de ter seu valor para uso em pequena escala, quando suplementada pela energia solar, especialmente no contexto urbano, onde não requer qualquer desmatamento. Porém, o custo-benefício dos grandes parques eólicos em regiões rurais ou naturais é realmente questionável. Então, ficam no “ar” duas perguntas: qual o verdadeiro papel da energia eólica frente ao aquecimento global? Quem realmente está se beneficiando com a instalação e comércio de turbinas eólicas?
Acreditamos que após o crescimento tecnológico do Ceará frente sua realidade ambiental com a implantação da siderúrgica do Pecém e outras nossa sociedade e os das áreas gestores públicas e privadas possam desenvolver uma economia sustentável. O tema que engloba novas alternativas energéticas para o Ceará não se restringe somente para o abastecimento industrial, o consumo domestica está comprometido isso reflete na constante onda de apagões que assolam o estado, é importante ressaltar que nesse contexto há uma urgência de parceria em as instituições fornecedores de energia, universidades, pesquisadores e escolas para desenvolver programas que incentivem o consumo consciente e a reeducação energética em prol da redução do consumo no que concerni o desperdício. É plausível a falta de preparo dos órgãos competentes que não observaram o crescimento populacional, industrial e o acumulo e utensílios que usam energia de forma direta para seu funcionamento, a grande macula deste caos é que não é dada a devida importância para as vertentes energéticas, para resolver e erradicar este triste cenário que não é característica só do Ceará, mas sim mundial é adotarmos uma política que implante em sua filosofia uma analise diagnostica, formativa e efetiva na busca da economia e desenvolvimento Ambiental e econômico, pois o ambiental deve ser a primeira analise abordada antes do econômico, assim poderemos mudar essa mentalidade que desatrela ambiente e economia solidaria.
[...] 250 mil hectares. A não ser que seja instalado em região realmente deserta, provocará o desmatamento de área significativa que potencialmente contribuiria para a captura de carbono atmosférico, comprometendo ainda mais para o aquecimento global.
A energia eólica tem um custo muito elevado – cerca do triplo da nuclear – e gera conflitos territoriais. No Ceará, a instalação de parques eólicos ao longo do litoral tem causado grande insatisfação entre pequenas comunidades de pescadores e marisqueiros, que muitas vezes são impedidos de circular nas redondezas do espaçosos empreendimentos.
A energia eólica não deixa de ter seu valor para uso em pequena escala, quando suplementada pela energia solar, especialmente no contexto urbano, onde não requer qualquer desmatamento. Porém, o custo-benefício dos grandes parques eólicos em regiões rurais ou naturais é realmente questionável. Então, ficam no “ar” duas perguntas: qual o verdadeiro papel da energia eólica frente ao aquecimento global? Quem realmente está se beneficiando com a instalação e comércio de turbinas eólicas?
Acreditamos que após o crescimento tecnológico do Ceará frente sua realidade ambiental com a implantação da siderúrgica do Pecém e outras nossa sociedade e os das áreas gestores públicas e privadas possam desenvolver uma economia sustentável. O tema que engloba novas alternativas energéticas para o Ceará não se restringe somente para o abastecimento industrial, o consumo domestica está comprometido isso reflete na constante onda de apagões que assolam o estado, é importante ressaltar que nesse contexto há uma urgência de parceria em as instituições fornecedores de energia, universidades, pesquisadores e escolas para desenvolver programas que incentivem o consumo consciente e a reeducação energética em prol da redução do consumo no que concerni o desperdício. É plausível a falta de preparo dos órgãos competentes que não observaram o crescimento populacional, industrial e o acumulo e utensílios que usam energia de forma direta para seu funcionamento, a grande macula deste caos é que não é dada a devida importância para as vertentes energéticas, para resolver e erradicar este triste cenário que não é característica só do Ceará, mas sim mundial é adotarmos uma política que implante em sua filosofia uma analise diagnostica, formativa e efetiva na busca da economia e desenvolvimento Ambiental e econômico, pois o ambiental deve ser a primeira analise abordada antes do econômico, assim poderemos mudar essa mentalidade que desatrela ambiente e economia solidaria.
domingo, 15 de maio de 2011
A Democracia para Marilena Chauí
“Se abandonar a ingenuidade e os preconceitos do senso comum for útil; se não se deixar guiar pela submissão às idéias dominantes e aos poderes estabelecidos for útil; se buscar compreender a significação do mundo, da cultura, da história for útil; se conhecer o sentido das criações humanas nas artes, nas ciências e na política for útil; se dar a cada um de nós e à nossa sociedade os meios para serem conscientes de si e de suas ações numa prática que deseja a liberdade e a felicidade para todos for útil, então podemos dizer que a Filosofia é o mais útil de todos os saberes de que os seres humanos são capazes” (Marilena Chaui).
Veja o texto na integra em: http://www.cdcc.usp.br/ciencia/artigos/art_24/demochaui.html
Veja o texto na integra em: http://www.cdcc.usp.br/ciencia/artigos/art_24/demochaui.html
segunda-feira, 25 de abril de 2011
Doa-se Lindos Filhotes de Poodle
DELTA: Documentação de Estudos em Lingüística Teórica e Aplicada
Print version ISSN 0102-4450
DELTA vol.22 no.1 São Paulo 2006
doi: 10.1590/S0102-44502006000100016
Cássio Florêncio Rubio
UNESP/São José do Rio Preto/FAPESP
SCHERRE, Maria Marta Pereira. 2005. Doa-se Lindos Filhotes de Poodle: Variação Lingüística, Mídia e Preconceito. São Paulo: Parábola Editorial. ISBN 85-88456-37-0. 160p.
Apesar de já se ter avançado muito nos estudos sobre concordância de número no português, principalmente em sua variedade coloquial, até então, não se havia conseguido reunir em um único volume, o que há de mais recente sobre o estudo da regra variável de marcação de plural, de forma crítica e comparativa. Temos agora Doa-se lindos filhotes de poodle: variação lingüística, mídia e preconceito, uma obra oferecida por uma das mais experientes sociolingüistas do Brasil, a Profa. Maria Marta Pereira Scherre, atualmente membro do Programa de Estudos sobre o Uso da Língua/UFRJ e pesquisadora associada sênior da Universidade de Brasília, atuante na áreas de sociolingüística e dialetologia, teoria e análise lingüística e língua portuguesa.
A obra, uma luta exemplar contra o preconceito lingüístico por parte da mídia brasileira, traz em seus quatro capítulos, reescritos de textos publicados entre 1993 e 2003, a análise de trabalhos de pesquisa da autora e de lingüistas brasileiros e europeus, os quais corroboram a concepção de que a concordância de número no português é um fenômeno variável, mesmo em sua variedade escrita monitorada, o que faz o leitor repensar sua posição em relação às verdadeiras funções da comunicação e refletir sobre os conceitos de erro exacerbados pelos gramáticos normativos.
O capítulo 1 nos mostra o preconceito lingüístico da mídia em relação à variedade popular do português. O que foge ao padrão é considerado equivocado. É-nos evidenciado, porém, que as concepções de certo e errado podem ser relativizadas se forem considerados outras línguas e contextos. Assim, a leitura de dados lingüísticos, tema central do capítulo, revela as verdadeiras regras seguidas pelos falantes da língua portuguesa. A variação é apontada tanto na língua falada quanto na língua escrita. Diversos fatores de natureza lingüística e extralingüística podem influenciar a aplicação da regra de marcação de plural, o que pode ser percebido com maior clareza na vasta bibliografia citada ao final do capítulo.
No segundo capítulo, podemos comprovar que o preconceito lingüístico é facilmente perceptível em renomados jornais e revistas de circulação nacional. A mídia expõe um paradigma bilateral entre linguagem padrão e linguagem coloquial, atribuindo à última, rótulos de pobreza, simplicidade e mesmo de incoerência, revelando uma confusão entre língua e gramática normativa, entre língua falada e língua escrita e, nas palavras da própria autora, "as deprimentes associações entre língua e inteligência/burrice, competência/incompetência, beleza/feiúra; sucesso/insucesso", um desserviço que só vem a reforçar "um dos aspectos mais sórdidos do ser humano: a divisão entre classes e a exclusão social" (p.88 e 89).
Ao revelar os resultados das mais recentes pesquisas realizadas com amostras de fala e de escrita, tanto do português brasileiro quanto do português europeu, a autora comprova que a variação é inerente a todas as produções lingüísticas e, assim sendo, fatores de natureza social e/ou lingüística podem influenciar a variação na concordância de número. Textos extraídos de jornais impressos, ao final do capítulo, permitem ao leitor refletir sobre a intolerância da mídia, observada contra a linguagem coloquial.
Partindo-se do pressuposto de que a análise da transitividade verbal deve deter a vista em toda a cadeia sintagmática, e não apenas no elemento verbal isolado, o capítulo 3 explicita e justifica o título da obra, demonstrando que as construções consideradas passivas sintéticas pela gramática normativa preferentemente aproximam-se das construções classificadas como ativas de sujeito indeterminado. Novamente, a fim de opor-se à desmedida aversão da mídia às formas não-gramaticais – aqui no sentido normativo do vocábulo – faz-se necessário apresentar os inúmeros exemplos de variação no uso das construções com a partícula se, inclusive em comunicação escrita monitorada. É de fundamental importância, nesse ponto, a menção às palavras do lingüista americano Noam Chomsky, em consideração à aquisição da língua materna pela criança e às reais regras seguidas pelos falantes de uma língua.
No último capítulo, encontramos referência às duras críticas feitas aos lingüistas, especialmente, aos sociolingüistas, por atuarem na defesa das manifestações lingüísticas populares e por considerarem a língua um instrumento de comunicação vivo e mutante. Ao apontar a variação existente no imperativo e na concordância de número no português brasileiro, chega-se à conclusão de que o conceito de erro ou pobreza é extremado em produções lingüísticas que denunciam classe social, como é o caso da aplicação da regra de marcação de plural do português. Em contrapartida, produções que não denunciam classe social, como a variação no imperativo, ainda que não se projetem de acordo com as regras normativas, não são, ou são muito menos estigmatizadas pelos meios de comunicação. Este último capítulo se encerra com uma reflexão da autêntica concepção de língua materna: aquela adquirida naturalmente, a qual todo indivíduo falante nativo domina plenamente, diferentemente da variedade normativa, ensinada na escola.
A obra se conclui com um convite a toda a classe de lingüistas e interessados pela língua portuguesa, para que se conheça a real dimensão do preconceito lingüístico, o qual reside, antes de qualquer coisa, no preconceito social e na "subjugação do outro". Aos interessados em travar contato de forma aprofundada com o tema enfocado na obra, uma vasta referência bibliográfica anexa-se ao compêndio.
Doa-se lindos filhotes de poodle: variação lingüística, mídia e preconceito não é apenas uma reunião de trabalhos de pesquisa sociolingüística sobre variação no português; mais do que isso, é uma obra de reflexão que, apoiada no conhecimento científico, propõe-se, em primeiro lugar, a refutar as idéias e atitudes imponderadas, que, infelizmente, perduram nos órgãos de imprensa, fazendo com que o preconceito se difunda, impedindo a livre manifestação lingüística. Em segundo lugar, o livro procura despertar o discernimento crítico na sociedade, a fim de minimizar o preconceito social.
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-44502006000100016&script=sci_arttext
Print version ISSN 0102-4450
DELTA vol.22 no.1 São Paulo 2006
doi: 10.1590/S0102-44502006000100016
Cássio Florêncio Rubio
UNESP/São José do Rio Preto/FAPESP
SCHERRE, Maria Marta Pereira. 2005. Doa-se Lindos Filhotes de Poodle: Variação Lingüística, Mídia e Preconceito. São Paulo: Parábola Editorial. ISBN 85-88456-37-0. 160p.
Apesar de já se ter avançado muito nos estudos sobre concordância de número no português, principalmente em sua variedade coloquial, até então, não se havia conseguido reunir em um único volume, o que há de mais recente sobre o estudo da regra variável de marcação de plural, de forma crítica e comparativa. Temos agora Doa-se lindos filhotes de poodle: variação lingüística, mídia e preconceito, uma obra oferecida por uma das mais experientes sociolingüistas do Brasil, a Profa. Maria Marta Pereira Scherre, atualmente membro do Programa de Estudos sobre o Uso da Língua/UFRJ e pesquisadora associada sênior da Universidade de Brasília, atuante na áreas de sociolingüística e dialetologia, teoria e análise lingüística e língua portuguesa.
A obra, uma luta exemplar contra o preconceito lingüístico por parte da mídia brasileira, traz em seus quatro capítulos, reescritos de textos publicados entre 1993 e 2003, a análise de trabalhos de pesquisa da autora e de lingüistas brasileiros e europeus, os quais corroboram a concepção de que a concordância de número no português é um fenômeno variável, mesmo em sua variedade escrita monitorada, o que faz o leitor repensar sua posição em relação às verdadeiras funções da comunicação e refletir sobre os conceitos de erro exacerbados pelos gramáticos normativos.
O capítulo 1 nos mostra o preconceito lingüístico da mídia em relação à variedade popular do português. O que foge ao padrão é considerado equivocado. É-nos evidenciado, porém, que as concepções de certo e errado podem ser relativizadas se forem considerados outras línguas e contextos. Assim, a leitura de dados lingüísticos, tema central do capítulo, revela as verdadeiras regras seguidas pelos falantes da língua portuguesa. A variação é apontada tanto na língua falada quanto na língua escrita. Diversos fatores de natureza lingüística e extralingüística podem influenciar a aplicação da regra de marcação de plural, o que pode ser percebido com maior clareza na vasta bibliografia citada ao final do capítulo.
No segundo capítulo, podemos comprovar que o preconceito lingüístico é facilmente perceptível em renomados jornais e revistas de circulação nacional. A mídia expõe um paradigma bilateral entre linguagem padrão e linguagem coloquial, atribuindo à última, rótulos de pobreza, simplicidade e mesmo de incoerência, revelando uma confusão entre língua e gramática normativa, entre língua falada e língua escrita e, nas palavras da própria autora, "as deprimentes associações entre língua e inteligência/burrice, competência/incompetência, beleza/feiúra; sucesso/insucesso", um desserviço que só vem a reforçar "um dos aspectos mais sórdidos do ser humano: a divisão entre classes e a exclusão social" (p.88 e 89).
Ao revelar os resultados das mais recentes pesquisas realizadas com amostras de fala e de escrita, tanto do português brasileiro quanto do português europeu, a autora comprova que a variação é inerente a todas as produções lingüísticas e, assim sendo, fatores de natureza social e/ou lingüística podem influenciar a variação na concordância de número. Textos extraídos de jornais impressos, ao final do capítulo, permitem ao leitor refletir sobre a intolerância da mídia, observada contra a linguagem coloquial.
Partindo-se do pressuposto de que a análise da transitividade verbal deve deter a vista em toda a cadeia sintagmática, e não apenas no elemento verbal isolado, o capítulo 3 explicita e justifica o título da obra, demonstrando que as construções consideradas passivas sintéticas pela gramática normativa preferentemente aproximam-se das construções classificadas como ativas de sujeito indeterminado. Novamente, a fim de opor-se à desmedida aversão da mídia às formas não-gramaticais – aqui no sentido normativo do vocábulo – faz-se necessário apresentar os inúmeros exemplos de variação no uso das construções com a partícula se, inclusive em comunicação escrita monitorada. É de fundamental importância, nesse ponto, a menção às palavras do lingüista americano Noam Chomsky, em consideração à aquisição da língua materna pela criança e às reais regras seguidas pelos falantes de uma língua.
No último capítulo, encontramos referência às duras críticas feitas aos lingüistas, especialmente, aos sociolingüistas, por atuarem na defesa das manifestações lingüísticas populares e por considerarem a língua um instrumento de comunicação vivo e mutante. Ao apontar a variação existente no imperativo e na concordância de número no português brasileiro, chega-se à conclusão de que o conceito de erro ou pobreza é extremado em produções lingüísticas que denunciam classe social, como é o caso da aplicação da regra de marcação de plural do português. Em contrapartida, produções que não denunciam classe social, como a variação no imperativo, ainda que não se projetem de acordo com as regras normativas, não são, ou são muito menos estigmatizadas pelos meios de comunicação. Este último capítulo se encerra com uma reflexão da autêntica concepção de língua materna: aquela adquirida naturalmente, a qual todo indivíduo falante nativo domina plenamente, diferentemente da variedade normativa, ensinada na escola.
A obra se conclui com um convite a toda a classe de lingüistas e interessados pela língua portuguesa, para que se conheça a real dimensão do preconceito lingüístico, o qual reside, antes de qualquer coisa, no preconceito social e na "subjugação do outro". Aos interessados em travar contato de forma aprofundada com o tema enfocado na obra, uma vasta referência bibliográfica anexa-se ao compêndio.
Doa-se lindos filhotes de poodle: variação lingüística, mídia e preconceito não é apenas uma reunião de trabalhos de pesquisa sociolingüística sobre variação no português; mais do que isso, é uma obra de reflexão que, apoiada no conhecimento científico, propõe-se, em primeiro lugar, a refutar as idéias e atitudes imponderadas, que, infelizmente, perduram nos órgãos de imprensa, fazendo com que o preconceito se difunda, impedindo a livre manifestação lingüística. Em segundo lugar, o livro procura despertar o discernimento crítico na sociedade, a fim de minimizar o preconceito social.
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-44502006000100016&script=sci_arttext
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